sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A 1ª vez de um curitibano no show da Calypso: muito bom!



  • Banda Calypso em Curitiba - Minha primeira vez

    A coincidência é o fio secreto que amarra o mundo, escreveu certa vez o roteirista de quadrinhos Alan Moore. O psicólogo Carl Gustav Jung chamava de Sincronicidade. Eu chamo de Linguagem de Deus. Nos últimos dias as coincidências estavam se multiplicando comigo. Um sinal de que Deus estava querendo me alertar para algo, mas eu não estava conseguindo decifrar. Na sexta-feira, desci do ônibus na chegada ao trabalho e pensei comigo mesmo: "a providência divina está trabalhando a meu favor de novo, alguma coisa legal vai me acontecer. Chegando no trampo, a primeira coisa que meu colega Gilson The Fellow me falou foi: "vais ver a Joelma hoje?" E eu: "O quê?!" E ele: "vai ter show da Calypso hoje em Curitiba". Então era isso! Bingo!

    Vocês conhecem aquele galeguinho lindo e de chapéu na esquerda da foto?

    Pra completar a magia da coisa, constatei no Twitter que Raphael Acioly, o assessor de imprensa da banda e meu camarada estava vindo também. Perfeição maior que essa somente a música das esferas de Pitágoras. Assim que o mala desembarcou no aeroporto Afonso Pena liguei e anotei o nome do hotel onde a turma se hospedaria. Ele disse que estava de virada e que me ligaria assim que acordasse. No cagaço de dar alguma merda, assim que saí do trampo já me dirigi para o hotel. Até porque, era longe pra cacete e teria que encarar quatro ônibus pra chegar lá. Melhor não arriscar.

    Como sou um notório sortudo, acabei por chegar cedo demais e ao mesmo tempo que uma garoa munida de uma frente fria. Com vergonha de ficar esperando na recepção do hotel, esperei o tempo passar num posto de gasolina, passando mais frio que coxa e sobrecoxa de frango em frigorífico da Sadia. Quando a hipotermia nocauteou a vergonha resolvi encarar a recepção do hotel. Obviamente que estavam todos dormindo, segundo a informação da recepcionista. Fui salvo por um Guiness Book of the Records que tinha numa mesinha de centro.

    Não demorou muito tempo pra constatar que eu não estava sozinho ali. Uma galerinha sentada numas poltronas eram claramente fãs. Quando uma mina saiu pra fumar um cigarro colei nela e puxei assunto. Eram de um fã-clube de São Paulo e assim como eu, foram supreendidos pela frente fria e estavam tiritando de frio. Perguntei qual o motivo de estarem ali, já que a banda vive tocando em Sampa. A mina me respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo, que eles iam em todos os shows possíveis, independente da cidade ou do estado. Juro que pensava que era lenda urbana a existência desses malucos. Lêdo engano, eles são bem reais.

    Já era quase 10 da noite quando Raphinha Acioly apareceu e se surpreendeu com minha sagacidade de já estar ali. Fomos jantar e atualizar nossas fofocas acerca do mundo do forró e do show business. O cara é simplesmente o assessor de imprensa mais foda do Brasil. Além de extremamente competente, é uma grande figura e profundo conhecedor do assunto. Você nunca sai de mãos abanando depois de uma conversa com o cara.

    Como o assédio dos fãs costuma ser tenso, nem me escalei pra ser apresentado a Joelma e Chimbinha no hotel, fiquei na minha e me enfiei no micro-ônibus dos músicos e roadies, deixando pra conhecer o casal lá no Adelson, casa de shows localizada no Sitio Cercado, onde seria a apresentação. Eu já mais ou menos imaginava o nível de adoração que os fãs alimentam pela banda, mas o que vi no backstage superou todas as minhas mais loucas e absurdas expectativas.

    Logo de cara flagrei uma maluca de vestidinho e mini-blusa roxo, grávida de sei lá quantos meses, que tinha viajado mais de oito horas para conhecer o casal. Sentada num sofá, aos prantos, pensei cá com meu chapéu, das duas uma, ou ela morre do coração ou perde a criança. Minutos depois ela sobrevive ao camarim e mostra a todos seu troféu, um macacãozinho de bebê cor de rosa com um autógrafo de Joelma. Um doce pra quem acertar o nome da bebezinha em gestação. Esse mesmo!

    Depois foi a vez de um menino, parecido que só a porra com Michael Jackson que tremia tanto que de novo pensei, esse morre. O lazarentinho sobreviveu e também saiu do camarim com seu autógrafo amado, idolatrado, salve, salve. E assim foi sucessivamente, com diversas criaturas surtando, entrando no camarim e saindo mais felizes que filhotes de ganso em taipa de açude. Fiquei com medo de contaminação, quando foi minha vez entrei no camarim com o status tenso mode on.

    Pra quebrar o gelo (ou seria melhor dizer, apagar a chama?) já cheguei chegando, estando um beijo em Joelma e desabando no sofá ao lado de Chimbinha. Ao invés de uma entrevista formal, ficamos só de bate-papo. Chimbinha cagando na minha cabeça por eu gostar de tecnobrega, alegando que escutar aquilo lá pior que ressaca de vinho doce. Relembramos a época em que a banda teve seu repertório de um disco inteiro roubado. Perguntei por Edilson Moreno, o homem que me deu o chapéu que enfeita minha cabeça a meses e me despedi batendo uma foto com cada um deles. Era a hora do show.

    Logo após a introdução com um solo de guitarra de Chimbinha surge ela. A catarse que Joelma causa na platéia ainda precisa de uma palavra nova que possa descrevê-la. Uns pulavam como se estivesse sendo submetidos a impiedosos eletro-choques, outros choravam araguaias de lágrimas e uns terceiros simplesmente entravam em estato de catatonia. Espremido a poucos metros do palco, pensei que ia ficar surdo, não pelo volume do som que saia das caixas, mas sim pelos berros dos fãs urrando todas as letras de cór e salteado em meus ouvido.

    Com o seguro de vida vencido a mais de dois meses, achei melhor assistir o resto do show em cima do palco. É impressionante como Joelma canta, pula, dança, saracoteia, assobia, chupa manga, tudo ao mesmo tempo o tempo todo e sem dar trégua. A mulher só para pra trocar de figurino no camarim, enquanto um cantor faz as vezes enquanto ela não volta, sempre linda e deslumbrante. A performance de Chimbinha dispensa comentários. O melhor guirarrista em atividade no país e que só não saiu ainda na capa da revista Guitar Player porque a crítica cultural brasileira é metida a besta e não dá valor a sua cultura popular.

    Quando o show acabou a platéia estava tão exausta que não tinha forças nem pra pedir o bis. Ou não, porque quando soou o último acorde uma turba se engalfinhou em direção à porta que dava acesso ao camarim, na esperança tirar uma última casquinha, com mais fotos e mais autógrafos. Impressionante! O tumulto foi tão grande que, por conta de um segurança filho da puta que não me deixou subir no palco, tive que voltar pro camarim dando a volta por fora do salão.

    O resto da noite foi só festa. Mais bate papo com Chimbinha na van da banda, enquanto Joelma atendia outros zilhões de fãs no camarim. Zuação com a cara de duas doidas varridas do fã-clube de São Paulo que tinham me pedido para guardar as bolsas delas enquanto curtiam o show e que não queriam me pacar os cinco Reais que eu estava cobrando pelo exercício da função de guarda-volumes. No fim ficamos todos amigos, peguei carona com eles na van e quase faço Joelma se mijar de tanto rir de minhas notórias palhaçadas e tiradinhas sem noção. Na despedida Chimbinha me mandou um abraço me dizendo que entraria no meu blog. Respondi à altura: "Tudo bem, mas entra devagar pra não arrombar muito". Ainda deu tempo de escutar outra gargalhada de Joelma.

    Uma das doidas varridas que me devem R$5,00

    Enquanto contemplava a van se afastando em direção ao aeroporto fiquei ponderando a possibilidade de ter acabado de assistir ao show da melhor banda de todos os tempos e de todo o Universo. Rapaz, te juro!



  • Um comentário:

    1. eu ouvi o tal do disco roubado a ultima musica se chama menina sereia cantada pelo dinho

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